Brasil é destaque na Conferência Mundial de Prevenção de HIV
Essa semana posso dizer que tive orgulho de ser brasileiro.
Está acontecendo aqui em Madrid, Espanha, o Congresso Mundial de Prevenção de HIV (HIVR4P -Research for Prevention). Durante toda a semana, milhares de pesquisadores, ativistas e representantes governamentais de todo o mundo se reuniram para se atualizar com o que existe de novo e de sucesso no campo da prevenção do HIV.
Congressos como esse são muito importantes pois permitem a troca de experiências entre diferentes lugares do mundo sobre enfrentamento de questões que são universais, como a epidemia de HIV. Com isso, todos saem ganhando, identificando os obstáculos ainda existentes e os exemplos bem-sucedidos de controle dessas infecções.
Mais do que nunca, para os cientistas dessa área, é unânime que nenhuma estratégia, de maneira isolada, como a camisinha, será capaz de controlar a epidemia de HIV. Nenhum país do mundo até hoje obteve sucesso dessa forma. Esse controle só é possível quando são oferecidas todas as diferentes ferramentas sabidamente eficazes de prevenção, para que cada pessoa avalie quais se encaixam em seu contexto de vida sexual.
A essa abordagem, que pressupõe que cada indivíduo deve ter autonomia para decidir o que funciona para si, se dá o nome de Prevenção Combinada.
As pessoas não são todas iguais. Para alguns, a camisinha resolverá essa questão. Mas, para outros, não. E talvez seja necessária a associação, por exemplo, da PEP ou PrEP. Em outra situação, um casal sorodiferente pode optar pelo tratamento da pessoa que vive com HIV como prevenção. As possibilidades são muitas e não existe uma melhor que a outra. A melhor maneira de se prevenir do HIV é aquela que o indivíduo escolhe e é capaz de utilizar de maneira correta e constante.
Não tive como não ficar feliz ao perceber que, comparado com outros países, incluindo os desenvolvidos, o Brasil está entre os mais adiantados no processo de implementação da Prevenção Combinada como política pública de saúde.
Esse posicionamento por diversas vezes foi elogiado durante a conferência. Na Europa, por exemplo, apenas a França e Portugal oferecem a PrEP gratuitamente e, nos Estados Unidos, o tratamento antirretroviral é garantido apenas para quem tem um plano de saúde privado.
No Brasil temos absolutamente todas as opções da Prevenção Combinada disponíveis gratuitamente no SUS. Esse é o resultado da gestão na última década do Departamento de ISTs, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. Ele tem avançado também na garantia dos direitos humanos das populações mais vulnerabilizadas socialmente no Brasil, como gays e trans, que, por causa disso, são as mais afetadas pela epidemia de HIV.
O oferecimento da Prevenção Combinada e o respeito aos direitos humanos são a melhor maneira de se controlar a epidemia de HIV. No resto do mundo, os países que ignoraram esses passos são os que registram os maiores fracassos no controle da epidemia.
Ainda temos um longo caminho pela frente no Brasil, principalmente no que diz respeito à ampliação do acesso à saúde integral, mas é inegável que, comparado como resto do mundo, o Brasil tem escolhido os melhores caminhos de políticas públicas prevenção do HIV.
Continuar nesse caminho de sucessos não é algo que acontece automaticamente. É uma decisão política.
E cabe a todos brasileiros estar atentos a essas decisões.
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