O que falta para controlarmos as ISTs e como você pode ajudar nisso
A construção de ações e estratégias para controle de uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) é uma tarefa difícil. Em geral, existem inúmeros fatores envolvidos tanto na proteção quanto na disseminação dos vírus e bactérias transmitidos por sexo. E diferente do que a maioria das pessoas pensa, eles vão muito além do uso do preservativo.
Só é possível lidar com uma epidemia de IST se esses fatores forem bem compreendidos. Afinal, não basta existir uma estratégia maravilhosa se as pessoas não a conhecem nem a utilizam. Melhor seria procurar entender os motivos que levam a esse uso ou não uso.
No Brasil, por exemplo, quando olhamos para a epidemia de HIV, temos disponíveis dados epidemiológicos que são atualizados todos os anos pelo Ministério da Saúde. Quantos foram os novos casos diagnosticados, o número de mortes em decorrência de Aids e a porcentagem de pessoas vivendo com HIV em diferentes grupos populacionais são informações fundamentais para a estruturação de políticas públicas. Entretanto, é preciso aprofundar essa análise e compreender o contexto de vida sexual e o conhecimento sobre ISTs de cada um desses subgrupos para se planejar o próximo passo no enfrentamento da epidemia, encontrando as melhores maneiras de se oferecer tratamento e prevenção para as pessoas.
A chance de encontrar uma pessoa vivendo com HIV na população geral brasileira gira em torno de 0,4%, segundo o boletim epidemiológico de 2017. Esse número era exatamente o mesmo no início da década. Por outro lado, se focarmos nos gays, bissexuais e homens que fazem sexo com outros homens, esse número sobe de 12% para quase 20% entre 2009 e 2016. Isso mostra que a maneira com que estamos lidando com o assunto está sendo falha. E para reverter esse processo, não existe outro jeito. É preciso conhecer quem você pretende ajudar.
Nesse ponto, nos deparamos com um novo desafio. Coletar informações sobre comportamento sexual, dinâmicas de relacionamentos interpessoais e conhecimentos técnicos específicos de ISTs e prevenção pode ser algo difícil e enviesado, uma vez que o tema é sufocado por preconceitos e julgamentos equivocados. Assim, já há alguns anos, os cientistas têm utilizado questionários eletrônicos anônimos aplicados pela internet para investigar tais assuntos em grupos com algum grau de exclusão social.
Desde 2010 têm sido realizadas pesquisas eletrônicas com esse objetivo em países europeus, atingindo mais de 36.000 indivíduos. Seus resultados foram determinantes para a formulação de ações de educação, tratamento e prevenção de ISTs nesses países.
Agora chegou a vez da América Latina. No início de abril, com o apoio do Departamento de ISTs, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, colocamos no ar o estudo LAMIS, uma pesquisa online que pretende avaliar a saúde e a prevenção de homens gays e bissexuais em 18 países latino-americanos. Trata-se de um questionário anônimo que pode ser preenchido de qualquer computador ou smartphone que tenha acesso à internet, não gastando mais que 10 minutos para isso.
Agora estamos na fase final do estudo, já com a participação de quase 20.000 questionários preenchidos só no Brasil. Encerraremos a coleta de respostas no dia 13/maio. Por isso, se você conhece alguma pessoa gay ou bissexual, envie para ela o link do banner abaixo para que possa participar da pesquisa e ajude no direcionamento das políticas públicas de tratamento e prevenção de ISTs no Brasil.
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