Novo tratamento do HIV mais simples e eficaz é aprovado nos EUA
Quando se fala de HIV/Aids, não há monotonia. As coisas estão sempre mudando. Nessa semana um dos pilares do tratamento do HIV foi modificado.
Na última segunda-feira, o FDA, agência que regula o uso de medicamentos nos Estados Unidos, aprovou um novo esquema antirretroviral simplificado e igualmente eficaz para tratamento de pessoas com HIV virgens de tratamento.
No início dessa epidemia, lá nas décadas de 80 e 90, ter HIV era sinônimo de ter Aids. Era se resignar e esperar a morte chegar, uma vez que não havia um tratamento eficaz disponível. Mas, a partir de 1996 tudo mudou. A ciência conseguiu mostrar que o segredo para o sucesso no tratamento do HIV era a associação de diferentes medicamentos, ao invés de usá-los separadamente.
O número mágico era 3. Quando três antirretrovirais passaram a ser dados em associação para a uma pessoa que vivia com HIV, ele desaparecia, se tornava indetectável no sangue, permitindo assim a recuperação da saúde do indivíduo, que podia enfim voltar a viver sua vida.
Quando três antirretrovirais foram prescritos juntos, a Aids foi vencida.
De 1996 até hoje essa foi a receita que a medicina usou para tratar as pessoas diagnosticadas com o HIV. Com ela, feitos marcantes foram alcançados, como por exemplo a redução dramática do número de mortes por Aids em todo mundo e a possibilidade da gestação e parto por uma mulher que vive com HIV sem qualquer risco de transmissão para o bebê.
No entanto, os medicamentos utilizados nessa trinca mudaram ao longo desses 20 anos, se tornando mais fáceis de serem tomados, com menos comprimidos, raros efeitos colaterais, e cada vez mais potentes contra o HIV.
Essa potência antirretroviral melhorou tanto que há alguns anos havia sido demonstrado que, depois de se atingir a carga viral indetectável com um esquema triplo, era possível em alguns casos simplificar o esquema para um com apenas 2 antirretrovirais.
Agora, um pesquisador argentino chamado Pedro Cahn resolveu desafiar o dogma noventista dos 3 medicamentos e descobriu, num estudo com quase 1.500 participantes, que é possível também obter sucesso iniciando o tratamento do HIV já com apenas 2 antirretrovirais.
A novidade divulgada no início da semana é o reconhecimento oficial desse novo jeito de tratar o HIV, com a permissão para o uso do esquema simplificado em pessoas que vão iniciar seu tratamento.
As duas drogas autorizadas, que foram utilizadas no trabalho do Dr Cahn, são o Dolutegravir e a Lamivudina. Ambas já são amplamente utilizadas há anos de forma muito bem tolerada. O esquema não é recomendado para indivíduos coinfectados com hepatite B, para mulheres que têm chance de engravidar e quando há suspeita de resistência viral a algum dos antirretrovirais do esquema.
As vantagens de um esquema com menos drogas são muitas. Menos medicamentos significam menos comprimidos e, portanto, melhor adesão e qualidade de vida. Significam menos efeitos colaterais e menos interações medicamentosas. Significam menos custos para manter as pessoas que vivem com HIV com saúde.
E assim, a ciência avança trazendo as boas mudanças que tornam cada vez mais fácil, do ponto de vista técnico e médico, viver com HIV com tranquilidade e saúde.
Ainda bem que as coisas mudam. E mudam pra melhor.
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