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Rico Vasconcelos

Quatro dicas de prevenção de ISTs para o seu Carnaval

Rico Vasconcelos

21/02/2020 04h00

Crédito: iStock

O Carnaval chegou. Para alguns, essa é a festa mais esperada do ano. Para outros, apenas uma data perfeita para fugir da cidade e viajar. Mas não importa se você é um folião profissional ou não, o Carnaval é sempre uma época em que muita coisa pode acontecer na sua vida sexual. Pensando nisso, resolvi selecionar 4 dicas importantes para prevenção de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) para que você não tenha problemas com isso durante o Carnaval e nem depois dele.

  1. Use a camisinha o máximo que conseguir na sua vida

A camisinha ainda é a ferramenta mais completa para prevenção. Isso porque ela protege você tanto das ISTs quanto de uma gravidez não desejada. Ela deve ser usada principalmente nas relações sexuais com parcerias casuais com penetração e, para que proporcione a proteção máxima, deve ser usada de maneira correta, ou seja, do início ao fim da relação sexual. Independente de sua parceria ter ou não aspecto de saudável. Nunca use duas camisinhas ao mesmo tempo, pois isso não aumenta a proteção, e prefira os lubrificantes a base de água, para reduzir o risco de rompimento.

  1. Sexo oral também é sexo

Pra muita gente só houve sexo "de verdade" se tiver acontecido penetração. Entretanto, quando estamos falando de prevenção de ISTs, o sexo oral tem sempre que ser considerado. Mas diferente do que boa parte das pessoas pensam, a transmissão do HIV é a menor das preocupações nessa prática. As ISTs bacterianas, como sífilis, gonorreia e clamídia, por outro lado, são facilmente transmitidas pelo sexo oral, mesmo que as pessoas envolvidas não estejam apresentando nenhum sintoma dessas infecções.

  1. Não se esqueça da PEP. Ela estará sempre disponível e pode te ajudar

Se todas as pessoas conseguissem usar a camisinha do início ao fim de todas as suas relações sexuais e com todas as suas parcerias, simplesmente não teríamos epidemias de ISTs no mundo. Mas sabemos que essa é uma meta impossível e irreal, uma vez que são inúmeros os fatores que podem influenciar no uso da camisinha. Reconhecer, portanto, que algumas pessoas de fato irão transar sem camisinha é fundamental e isso precisa ser naturalizado.

Para essas pessoas têm que estar muito claro que existem opções adicionais de prevenção contra o HIV. A PEP (Profilaxia Pós-Exposição) é uma delas e está disponível gratuitamente pelo SUS. Ela consiste num esquema de medicamentos antirretrovirais que deve ser iniciado no máximo em até 72h depois da relação sexual sem camisinha, e tomado por 28 dias para impedir que a infecção por HIV ocorra. Caso você tenha passado por uma situação assim, encontre já nessa página do Ministério da Saúde o local mais próximo para iniciar a PEP.

  1. Crie uma rotina de testagem para as ISTs na sua vida

Sabemos que algumas ISTs podem ser transmitidas facilmente e que é possível que uma pessoa tenha se infectado com algum vírus ou bactéria sem apresentar nenhum sintoma. Assim, o ideal é que todo mundo que tem vida sexual ativa, principalmente com parcerias casuais, tenha uma rotina de testagem regular para ISTs. Dessa forma é possível diagnosticar e tratar precocemente essas infecções, quebrando a cadeia de transmissão delas para outras pessoas. Então, fique atento às exposições que tiver durante o seu Carnaval e, caso considere necessário, atualize os exames de ISTs daqui a um mês. Se tiver dúvidas, procure atendimento médico para receber orientações sobre isso.

Desejo um bom Carnaval para todos!

Sobre o autor

Médico Infectologista formado pela Faculdade de Medicina da USP, Rico Vasconcelos trabalha e estuda, desde 2007, sobre tratamento e prevenção do HIV e outras ISTs. É atualmente coordenador do SEAP HIV, o ambulatório especializado em HIV do Hospital das Clínicas da FMUSP, e vem participando de importantes estudos brasileiros de PrEP, como o iPrEX, Projeto PrEP Brasil, HPTN083 (PrEP injetável) e na implementação da PrEP no SUS. Está terminando seu doutorado na FMUSP e participa no processo de formação acadêmica de alunos de graduação e médicos residentes no Hospital das Clínicas. Também atua na difusão de informações dentro da temática de HIV e ISTs no Brasil, desenvolvendo atividades com ONGs, portais de comunicação, agências de notícias, seminários de educação comunitária e onde mais existir alguém que tenha vida sexual ativa e possua interesse em discutir, sem paranoias, como torná-la mais saudável.

Sobre o blog

Com uma abordagem moderna e isenta de moralismo sobre HIV e ISTs, dois assuntos que tradicionalmente são soterrados por tabus e preconceitos, Rico Vasconcelos pretende discutir aqui, de maneira leve e acessível, o que há de mais atual e embasado cientificamente circulando pelo mundo. Afinal, saber o que realmente importa sobre esse tema é o que torna uma pessoa capaz de gerenciar sua própria vulnerabilidade ao longo da vida sexual. Podendo assim encontrar as melhores maneiras para manter qualidade no sexo, e minimizar os prejuízos físicos e psicológicos associados ao HIV e ISTs.