Com que frequência devo me testar para infecções sexualmente transmissíveis
Cada vez mais pessoas têm buscado os serviços de saúde interessadas por prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Essa mudança na maneira de lidar com o assunto certamente foi motivada pela implementação da nova abordagem da Prevenção Combinada, que, com a proposta de multiplicar as estratégias disponíveis de prevenção, a torna mais inclusiva e aplicável à vida real.
Mas será que você está seguindo o que é recomendado dentro desse novo plano? Com que frequência, por exemplo, você está se testando para as ISTs na sua vida?
Uma vez que o objetivo da Prevenção Combinada é controlar a disseminação das ISTs, o interesse por ela ao longo da vida deveria idealmente ser algo constante, e não somente depois de surgirem os sintomas de uma dessas infecções.
Lembrar das ISTs mesmo que não haja sintomas é fundamental. Primeiro porque a ausência de sintomas não significa que um indivíduo não tem uma dessas infecções, mas também porque quando ela é diagnosticada e tratada, sua cadeia de transmissão é quebrada. Tratar as ISTs, mesmo que assintomáticas, é uma maneira de prevenir novos casos.
A maioria dos casos de sífilis são totalmente assintomáticos, assim como os casos de clamídia ou mesmo do HIV, durante os primeiros anos de infecção. Dessa forma, uma pessoa só poderá fazer esses diagnósticos e, portanto, o tratamento adequado, se fizer os exames específicos para rastreamento de cada um desses agentes.
Quando uma IST causa sintomas, o indivíduo já busca espontaneamente atendimento médico. O problema nessa equação são os indivíduos que nem sabem que estão com uma IST, ajudando assim na sua disseminação.
O resultado desse cenário, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são os quase 1 milhão de novos casos dessas infecções sendo transmitidos diariamente em todo o mundo. Por esse motivo também, os países do mundo estão aos poucos aderindo à recomendação da OMS de rastreamento periódico e tratamento de ISTs em pessoas assintomáticas com vida sexual ativa.
No Brasil passamos também a recomendar isso oficialmente com a publicação do último manual de manejo de ISTs, em dezembro de 2018. Nele, podemos encontrar um belíssimo primeiro capítulo que trata da atenção à saúde sexual da população brasileira, discutindo de modo abrangente e embasado cientificamente maneiras de se promover uma vida sexual com qualidade e saúde, respeitando a autonomia e a sexualidade de cada indivíduo.
Nesse capítulo é proposto que alguns grupos populacionais sejam priorizados na oferta de testagem periódica de ISTs, como por exemplo as mulheres gestantes, que devem ser testadas por três vezes para HIV e sífilis durante o pré-natal, para assim eliminar as chances de transmissão vertical desses agentes.
Para aqueles com vida sexual ativa, principalmente com menos de 30 anos de idade, o Ministério da Saúde recomenda a testagem para HIV e Sífilis anualmente. Para quem usa álcool ou drogas, trabalhadores do sexo e para pessoas transexuais, homens gays e bissexuais, essa testagem deve ser feita a cada 6 meses, incluindo hepatites B e C (caso não sejam ainda vacinados para hepatite B). A frequência maior é indicada devido à maior prevalência dessas ISTs entre esses grupos.
Por fim, para pessoas que estão em uso de Pofilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP), por conta de sua maior vulnerabilidade às ISTs, o rastreamento de HIV e sífilis deve ser feito a cada três meses e o de gonorreia e clamídia semestralmente.
Devem se testar também pessoas que não estejam nesses grupos, mas que vivam contextos de vida sexual que as tornem vulneráveis às ISTs.
Faz parte também desse plano, caso seja possível, avisar as parcerias sexuais recentes sempre que for feito o diagnóstico de uma IST, para que elas possam também se testar e tratar.
Se conseguirmos colocar essas poucas recomendações em prática, a incidência das ISTs no Brasil já vai começar a cair.
Se interesse por esse assunto. A prevenção está entrando na moda e isso é bom para a saúde sexual de toda a população.
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